Não eram legais os tempos em que o que importava numa Copa era trazer a Copa?
Bons tempos em que ninguém ligava se o Garrincha enchia a cara depois do que fazia magicamente em campo.
Jogadores e técnicos mal sabiam falar. Não precisavam ser politicamente corretos com emissoras onipotentes. Mas batiam um bolão!
Quando um Pelé, um Sócrates, um Zico fazia ou dizia alguma besteira, não virava matéria de capa. Nossos heróis eram preservados! Nossos heróis eram heróis de todos nós. Todos. Os jornalistas da época também se consideravam brasileiros e também torciam pra que tudo desse certo. Boas notícias sobre jogadores, técnicos ou dirigentes também vendiam jornais.
O que será que aconteceu? Será que as faculdades estão ensinando a esses meninos que o sujeito tem mesmo que ser grosso, invasivo, mal educado pra conseguir uma matéria que preste e que quando ele recebe algum revide, algum troco, alguma represália por isso, tem que ser vingativo e usar o poder da imprensa pra destruir o abusado, mesmo que isso signifique destruir a imagem da própria terra e dos próprios heróis? Ou será que são instruídos para não terem terra, não se sentirem parte de nenhum país e, principalmente, não terem nenhum sentimento para com sua gente?
O caso Dunga é tão claro que só devia ser comentado na emissora que está cheia de raiva porque ele não trata os deuses como deuses. Ninguém mais devia se importar com o assunto. Mas aqui estamos nós todos, o país inteiro falando a respeito. E, honestamente, tirando os interessados e apaniguados, o país inteiro está gritando “É isso aí, Dunga”. E nem assim o corporativismo jornalístico se rende.
Hoje os jornais falam de quem saiu com quem, das preferências etílicas, sexuais ou religiosas dos jogadores, inventam histórias altamente prejudiciais ao andamento de treinos e ao moral dos atletas, fulano está mal, beltrano está machucado e não vai jogar, o técnico é uma besta, o técnico é burro, o técnico não sabe o que faz, não escalou aquele astro que nós já tínhamos contratado o ano passado pra dar exclusivas pra nós, fazem da vida deles um verdadeiro inferno, um Big Brother de 24 horas por dia, todos os dias da vida. E quando alguém desabafa todo esse ataque e essa pressão, em volume baixo, para si mesmo, como qualquer ser humano normal faz a toda hora, amplificam o som até rachar, colocam legendas explicativas, chamam leitores de lábios, mais invasão, mais falta de educação, mais olhos enfiados em buracos de fechadura. E mais destruição da imagem da própria gente frente ao mundo! Um prazer de exercer um poder que, se esquecem, acaba no vencimento do contrato ou na demissão sumária. Quem tem o poder de verdade está pouco se lixando pros soldadinhos que botam suas caras na tela e fazem ar de indignados.
Pra mim, o simples fato de alguém estar conversando ao celular enquanto estou concedendo uma entrevista coletiva já seria motivo suficiente para perguntar se alguma coisa estava errada.
Todos sabem que o Dunga está levando porrada de todo lado porque não se curvou a acordos feitos entre federações e emissoras, porque disse que quem manda no time do qual ele é o técnico é ele. Está pagando pela ousadia. E os atingidos não vão poupar esforços até o final da Copa. Lamentavelmente, é muito claro que torcem para que o Brasil perca vergonhosamente para poderem por em prática sua vingancinha que já deve até estar gravada, editada e com a locução pronta.
Sempre ligaram a palavra escola à palavra educação. O resultado de um pessoal formado em escolas não me parece muito compatível com o conceito de educação em nenhuma instância. Talvez agora, que a exigência corporativista de faculdade para esse exercício foi abolida, voltemos a ter gente interessada na notícia, na informação, na verdade, no que importa. Talvez as novas gerações de jornalistas resgatem o respeito que essa profissão sempre teve e sempre mereceu.
Ainda tenho esperança de abrir um jornal, ligar um rádio ou uma TV, acessar um site de notícias e descobrir que voltamos aos bons tempos!
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